Roxo, verde, amarelo, azul, laranja... O visual de Pe Lanza costuma ser bem colorido nos palcos e apresentações musicais. Mas quando o assunto é futebol, o cantor deixa os trajes exóticos e fica no tradicional preto e branco mesmo para declarar seu amor pelo Corinthians.
Apaixonado pelo clube, Pe Lanza está tentando se acostumar a assistir aos jogos pela televisão. Da rotina de acompanhar todas as partidas do Timão no estádio, o vocalista reconhece que o aumento no número de shows e viagens da banda pop-rock, criada em agosto de 2008, deixa o tempo cada vez mais escasso. Mas ele ainda se emociona quando lembra dos momentos vividos junto ao “bando de loucos” nas arquibancadas e recorda uma decisão nos pênaltis contra o Botafogo, pela semifinal da Copa do Brasil de 2008
- Nesse jogo eu fui com um amigo do colégio, e no caminho tem sempre aquele ritual: vai às barraquinhas comer sanduíche de calabresa, de pernil, entra no estádio uns 15 minutos antes e já começa a cantar. Naquele dia estava todo mundo tenso porque era difícil a gente se classificar, já que tinha perdido o primeiro jogo por 2 a 1 e o Botafogo estava muito bem. A decisão foi para os pênaltis e a gente só garantiu (a classificação) na última cobrança. O Felipe era o goleiro, ele defendeu e a bola ainda bateu na trave. Lembro que naquele momento estava todo mundo ajoelhado nas arquibancadas do Morumbi, de mãos dadas, rezando... Foi muito emocionante. Chorei igual a criança - revelou o vocalista.
A tensão do vocalista e dos torcedores da Fiel nas arquibancadas do Morumbi, naquela noite de quarta-feira, parecia interminável. Após um primeiro tempo muito truncado, o primeiro gol do Timão saiu aos nove minutos da etapa final, com o atacante Acosta concluindo jogada de Herrera. Mas o alívio dos alvinegros durou pouco. Três minutos depois, Renato Silva aproveitou escanteio e empatou a partida. Também não demorou muito o desespero no estádio, já que o zagueiro Chicão, cobrando falta aos 19 minutos, recolocou a equipe paulista na frente.
Com o placar - mesmo da primeira partida, no Rio, só que vencida pelo Botafogo - mantido até o fim, coube a Pe Lanza se ajoelhar e orar na disputa de pênaltis. Após Chicão, Herrera, Nilton, Alessandro e Acosta converterem suas cobranças pelo Corinthians, Zé Carlos perdeu o último chute do Botafogo, para festa dos mais de 60 mil presentes. Com o resultado, o Alvinegro chegou à final do torneio, mas acabou perdendo o título para o Sport.
Rodeado por torcedores rivais em meio aos familiares, o cantor se orgulha por ter escolhido seu time de coração sem influências externas ao campo de futebol, palco onde viu brilhar o meia Marcelinho Carioca, com quem teve forte identificação.
- Olha que ironia do destino: moro perto do estádio do São Paulo, minha família por parte de mãe é palmeirense e meu tio, desde pequeno, sempre me influenciou a ser santista, com roupas do Santos e me levando à Vila Belmiro. Mas nunca me marcou tanto. Acho que virei corintiano mesmo quando vi jogarem Marcelinho Carioca, Edílson, Dinei... Eu era pequenininho, mas lembro de um gol do Marcelinho em que ele chapelou o cara de letra e fez o gol. Queria bater falta igual a ele: ajoelhava, colocava a bola no chão... Só firula, não sei jogar bola (risos) - contou o vocalista, que, mesmo em meio aos shows e ensaios da banda, tenta se reunir com amigos uma vez por semana para jogar futebol.
Se ver o músico com roupas em preto e branco pode causar estranheza aos fãs do Restart, Pe Lanza fala que as cores não se restringem só aos uniformes do Timão e que também gosta de adotar o estilo no vestuário pessoal.
- Eu tenho a nova camisa do São Jorge (atual terceiro uniforme do Corinthians), também gosto do modelo que era uma cruz roxa com fundo preto, mas acho que acaba fugindo um pouco da tradição do clube. A camisa mais bonita do time para mim é a do segundo uniforme, que é preta com as listras brancas. Gosto muito de me vestir de preto, apesar de a galera achar que eu combino mais com o colorido - confessou.
Contato com o ídolo Ronaldo
O cantor se diz fã declarado do Fenômeno, que encerrou sua carreira pelo Corinthians no início deste ano. Mas o vocalista nunca teve a chance de chegar perto do ex-jogador, e o caminho que conseguiu contato com o ídolo foi através de uma mídia social na internet.
- Antes de o Ronaldo se aposentar, eu estava mandando muitas mensagens para ele no Twitter. Tive que começar a apelar para as fãs, pedindo para elas falarem que eu era muito fã do cara, para me mandar um abraço. Ele me respondeu falando que meus “fiéis” são bons e me parabenizando pelo sucesso. Hoje ele me segue no Twitter. Fiquei muito emocionado. Para mim, Ronaldo é o maior atacante que o futebol brasileiro já viu - afirmou o vocalista, que não conseguiu ir ao estádio na despedida do jogador dos gramados por causa de um show da banda, mas acompanhou pela TV.
Nome ‘Restart’ nasceu do futebol virtual
A banda, formada por amigos de escola em 2008, só adquiriu o nome Restart após uma partida de futebol no videogame entre Pe Lanza e Pe Lu (Pedro Lucas Munhoz, guitarrista e vocal), que contou com uma pitada de “azar” no jogo e "sorte" na revolta.
- Nesse dia eu estava “zicado” (sem sorte), perdendo uma partida atrás da outra. Aí, no terceiro jogo eu falei: “Chega, não quero mais perder. Aperta o restart (botão para reiniciar o videogame).” Na hora a gente pensou na palavra como nome para a banda, já que estávamos querendo mudar, trazer um show novo, e o termo dá a ideia de recomeço. Tinha tudo a ver com a nossa cara.
Pe Lanza garante que não estava jogando com o Corinthians naquela ocasião.
- Corinthians não, rapaz... (risos). Acho que estava com o Liverpool, pois gostava de jogar com o Fernando Torres (atacante da seleção espanhola).
Música sobre futebol?
O cantor do Restart confessa já ter pensado em gravar uma música sobre futebol. Embora ache muito difícil compor uma canção sobre o assunto, encontra outra forma de concretizar a vontade.
- Música e futebol têm tudo a ver, são duas paixões que o brasileiro nunca vai deixar de ter, mas não saberia escrever tão bem uma música de futebol como o Samuel Rosa (vocalista do Skank, compositor de “É uma partida de futebol”), por exemplo. Vamos ver... A gente pode até tentar, mas acho que não seria muito a nossa cara. A pegada do rock que a gente faz é um pouquinho diferente. Mas seria sensacional se rolasse uma brincadeira da gente fazer um cover (tocar músicas de outras bandas). Seria bem legal. Eu topo, hein - admitiu.
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